Páginas

sábado, 21 de agosto de 2010

Eu vi.

Há muitos anos eu havia decido que não contaria o acontecido naquele dia. O fato era tão inusitado e impossivel de crer que resolvi me calar, pois, naquela época, qualquer criança que apresentava um distúrbio,  o médico da cidade dava Gardenal e diagnosticava epilepsia e isto era uma condenação para qualquer um.  Há cerca de duas semanas, minha convicção começou a mudar depois que um amigo me contou, sem saber,  uma história muito parecida com a minha, que tinha visto na internet. Pesquisei intensamente  e concluí que a história se repetia nos detalhes em que só eu vivera e portanto não podia ser  mera coincidência. A partir disto, resolvi revelar o acontecido e, afinal, vou fazer 50 anos e o mundo hoje já tem drogas melhores que o Gardenal.

Me lembro até hoje, era dia 31 de junho de 1974, uma noite muito fria de inverno, eu morava em uma pequena cidade do interior e constumávamos nos reunir em uma rua principal que era o ponto de encontro natural de todos do local. Nesta época o frio reduzia significativamente o número de pessoas na rua, já eram dez e vinte da noite e resolvi ir embora para casa, já sem interesse de ficar ali, pois a menina que eu estava paquerando já tinha ido embora. Tive que ir sozinho, pois os amigos que ficaram, moravam pra outros lados. Atravessei a praça principal com a lembrança do sorriso dela na mente, pequei o jambo que havia acabado de cair e ia subir as escadas que davam para a praça da igreja, quando ouvi um barulho de um cavalo galopando em velocidade, subi as escadas e olhei em volta e nada vi, nem gente e muito menos cavalo. Da praça dava para ver a igreja no alto de um pequeno morro, de um lado dela tinha a casa do Padre e de outro o salão Paroquial, de onde por um beco se chegava ao cemitério, atrás da igreja. Para chegar em casa, eu tinha a opção de cortar caminho por este beco ou seguir em frente até a prefeitura e virar a rua da Padaria do Garibaldi. O silêncio foi novamente interrompido, primeiro pelo sino de meia hora e depois pelo barulho do galope de cavalo e eu nada via , comecei a ficar com medo e logo fiz o sinal da cruz, já em frente à gruta de oração. Era nítido o som da ferradura batendo no paralelepido, chegando muito próximo e se afastando no outro sentido, como se tivesse correndo preso a uma determinada faixa de rua. Olhei para cima em direção ao beco e vi uma luz que se movia, quando ouvi o terceiro galope, parei, já tremendo de medo, fiz novamente o sinal da cruz, fechei e abri os olhos e lá estava ela parada na entrada do beco, imponente, emitindo uma luz amarelo ouro, muito intensa, em um feixe curto e grosso saindo do pescoço, como se fosse uma tocha de fogo. Fugi como um raio e corri até minha casa praticamente de olho fechado. Era uma MULA SEM CABEÇA.




6 comentários:

  1. Mula sem cabeça usa ferradura?
    Que ferreiro corajoso!

    ResponderExcluir
  2. Na verdade esta mula era a Majestosa, o animal preferido do Deoclécio Ferreira FERREIRO, que havia morrido e estava enterrado ali no Cemitério. Ele foi atropelado por um caminhão quando cavalgava com a Majestosa na estrada para Palma. Desde então a Majestosa nunca mais foi vista ,pelo menos até aquele dia.

    ResponderExcluir
  3. Quer dizer que ela foi ferrada pelo seu próprio dono ainda em vida, antes de ser atropelada e se tornar uma mula sem cabeça. Está esclarecida a questão.

    ResponderExcluir
  4. Sr,Sra Anônimo(a), Obrigado!!!Sua observação me permitiu esclarecer o fato e evitar que alguém possa achar que a história não é verdadeira.

    ResponderExcluir
  5. De nada. Tamos aí prá ajudar.

    ResponderExcluir