Uma das coisas divertidas que estou descobrindo neste negócio de escrever para o Blog é o exercício de relembrar alguns momentos da vida, lembranças que de certa forma estão dispersas, mas que fazem parte da nossa história.

Lembro-me de um momento no início dos anos 90 que recebemos, em uma sexta feira, um comunicado da empresa onde cada funcionário poderia fazer uma pergunta para o Presidente Mundial , Sir Jhon Rob, e que a pergunta mais consistente seria a escolhida para representar o Brasil em um evento em Londres. Ao chegar em casa naquele dia comentei que tinha que fazer a tal pergunta e brinquei que a minha ia ser a escolhida. Na segunda-feira coloquei o "Memorando" - isto mesmo, não tinha e-mail - no malote e fui cuidar da venda que não andava lá estas coisas. Duas semanas depois, fui convocado no escritório e me falaram que a minha pergunta tinha sido uma das dez selecionadas entre centenas de outras de diversas partes do mundo e que o prêmio era ir até Londres fazer a pergunta diretamente para o CEO Mundial da Companhia e que eu deveria viajar no sábado seguinte.
No domingo. final da manhã, desço no Aeroporto de Heathrow em Londres e a primeira descoberta importante que faço é que as escadas rolantes também poderiam ser esteiras, longas esteiras, como se fossem calçadas andantes. No saguão do aeroporto vejo logo uma placa com meu nome e um senhor de cabelos branco vestido de motorista, misturado aos muitos indianos, figuras comuns em Londres. Cumprimento com frases decoradas a pouco e seguimos para o carro. No início ainda tentamos nos comunicar, mas logo vimos que seria difícil e a partir dai fico observando cada rua, cada prédio com atenção redobrada. Cruzamos o Rio Tamisa e logo à direita vejo o Big Ben, um símbolo em minhas lembranças de infância, mais alguns minutos chegamos ao Hotel Scandic Crow no Centro de Londres uma construção Vitoriana muito bonita, muito bem conservado e confortável e logo já estou no quarto. Sobre a cama uma carta de boas vindas do meu chefe inglês, Mr Roy Batmam e um convite para um cocktail no final do dia, no próprio hotel, junto com os outros nove convidados de diversas partes do mundo. Decido abrir a mala para depois descansar um pouco quando percebo o estado lastimável do meu terno, e minhas camisas, literalmente amassados, tento localizar o ramal de serviço de quarto, porém percebo que não teria como falar algo entendível para - "
preciso passar minha roupa" ou " preciso de um ferro e uma tábua". Desço até a recepção e depois de alguns sinais e tentativas de comunicação sem sucesso, retorno para o quarto decidido a pensar em algo que pudesse melhorar o estado daquelas roupas. Passado mais de uma hora ouço um barulho de porta no corredor e abro a porta do meu quarto e em frente a porta de outra apartamento esta uma tábua e um ferro, tudo que eu queria naquele momento, eu de cueca mas não querendo perder tempo escoro a minha porta com o pé e me estico para pegar a solução para os meus problemas, neste momento lembro da história do Fernando Sabino
FS. H.Nu e literalmente fico gelado. Passei o restante da minha primeira tarde em Londres passando roupa.

As 18h, pontualmente me dirijo para o local do cockteil, vestido esporte como recomendado na carta, quando chego no restaurante todos os homens estão vestindo terno escuro, pensei logo que havia acabado de piorar a fama dos brasileiros, mas fui salvo ao ver o Roy Batman entrar e como eu de traje esporte e naquele momento ele era a figura mais importante do evento. Naquela noite conheci e "conversei" com um
Tailandês, Japonês, Americano, Belga, Inglês, Neozelandesa, Australiano, Francês e completando o grupo uma
Mexicana. Fui dormir com uma confusão mental intensa e com fome, pois a comida era muito ruim. No dia seguinte encontro novamente o grupo antes do café e novamente outra surpresa, todos estão de terno escuro e eu em um novíssimo terno cinza claro, me lembro até hoje o vendedor da Vila Romana me falando que esta era a cor do momento na Europa, xinguei muito aquele vendedor. Superado o desconforto inicial e já com o, sobretudo que quebrava um pouco a diferença de tom, ficamos aguardando o ônibus que nos levaria sede da empresa e posteriormente a um estúdio de TV de Londres onde faríamos a gravação, como ainda levaria um tempo para sairmos recebo um gentil convite do Tailandês para caminharmos até o Hide Park e durante os 15 minutos seguintes falamos bastante, mas seguramente com a cumplicidade de que não havia obrigatoriedade de nos entendermos. Foi um papo interessante.

Já na empresa, conheci a Consuelo, uma Colombiana, Secretária do Roy Batman que passou a ser a minha guia e tradutora oficial. Após uma série de apresentações onde falaram sobre as histórias de pesquisas de medicamentos inovadores pela empresa fomos para o estúdio, que tinha um cenário montado tal qual o programa Roda Viva. Antes de sentar no meu lugar, a Consuelo me avisa que a minha pergunta tinha sido escolhida por Sir John,
não sei se vocês perceberam, mas o cara era Sir e não Mr, para fechar o programa, pois era a pergunta que melhor traduzia a mensagem que ele queria passar para toda a organização no mundo. O programa segue e eu me distraio até que ouço o apresentador falar Brasil e meu nome e imediatamente o microfone de teto desce por cima da minha cabeça e percebo duas câmeras fechando na minha direção, e com uma sincronização imediata começo a fazer a pergunta, logicamente em português que era simultaneamente traduzida. Muito simpaticamente ele se dirige para mim e pausadamente começa a responder, logicamente sem a devida tradução , mas eu não perco a pose e balanço a cabeça alternadamente, mesmo entendendo parcialmente. Mais três dias completaram esta viagem com outros casos que conto depois.
essa historia é ótima! quero maaais!
ResponderExcluire a cronica o homem nu do sabino tambem é mt boa!
eu consigo imaginar essa situação, pai!!
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