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sábado, 25 de setembro de 2010

Melinda

Este caso me contaram como verdadeiro, disseram que até no jornal saiu.


Rita estava na Rua do Matoso,  esperava impacientemente um Táxi. Os óculos escuros escondiam os sinais de choro. Em uma das mãos tinha um pequeno buquê de flores e na outra uma bolsa. No chão apoiada em suas pernas uma caixa,  destas de Tv de Plasma. Finalmente  conseguiu ser percebida por um taxista, que vendo a dificuldade  dela desceu do carro e prontamente colocou no porta malas do Santana a caixa da TV.   Rita se acomodou no banco traseiro.
-Moço vamos para Jacarepaguá.
-A Sra prefere ir pela Grajaú ou pela Linha Amarela? Perguntou o motorista.
- Tenho pressa. Qual é o caminho mais rápido:
- Certamente a Grajaú, pois a Linha Amarela esta muito lenta hoje.
- Pode ser. Falou ela como se nada mais tivesse importância e novamente as lágrimas retornaram.




Paulo Cesar logo percebeu que ela não estava bem e frequentemente a observava pelo retrovisor. Quando chegaram a Jacarepaguá ela não disse nada e ele muito esperto, começou a rodar sem também perguntar o destino correto, certo de que a corrida seria boa, ou melhor, o golpe do dia seria bom. Rita olhava pela janela abstraída por pensamentos que lhe davam um ar de tristeza profunda. De repente ela se assusta com os gritos do PC.
- Perdeu Dona, perdeu.
Eles estavam em um local ermo e desconhecido para ela.
- Deixa a bolsa no banco, sai do carro e anda sem olhar para traz.
- Preciso pegar a caixa, preciso pegar a caixa.
- Se manda Dona.
Já apontando a arma na cara dela.
Nervosa ela abriu a porta e saiu andando em direção contrária enquanto ele se afastava.

Dois  quilômetros a frente parou o carro e revistou a bolsa ficando com o pouco dinheiro, celular e os cartões, o restante jogou no matagal e fugiu em sentido a Linha Amarela onde se juntaria a centenas de outros carros e se perderia no movimento intenso. Tinha sido mais fácil do que pensava e agora ia chegar com novidades em casa para a patroa e as crianças. Um barulho de sirene o deixou assustado, mas logo viu que era uma ambulância. Isto o fez decidir ir direto para casa, afinal estava ansioso para mostrar o presente que havia "comprado". Pouco tempo depois, já em casa,  com um buquê de flores na mão ,que de forma romântica deu para a mulher e foi logo contando a novidade da compras da Tv de Plasma. Pediu uma cerveja bem gelada enquanto ia tomar um banho e mandou as crianças irem abrindo o presente.. Já debaixo do chuveiro ouviu um grito:  - pai tem um gato morto dentro da  caixa.

Longe dali Rita chegava em casa e entre soluços e choro lamentava.
Eu só queria enterrar a Melinda no  quintal casa da Tia Cléia lá em Jacarépagua. Não precisava ter levado ela.

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